The New Avengers: Generation X
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[Misão] A psicopata

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Mensagem por Ariadne V. Frozeart Sáb Ago 04, 2012 1:09 am

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( A ) nd my body is forgetting my mind
I feel like I left her a lot of steps behind.

Ariadne abraçou suas pernas o mais firmemente possível. Ela estava encolhida no canto do refeitório, e olhava o típico movimento de sempre. Os seus olhos correram pelo local. Ninguém a notava - ou ao menos ninguém ligava para sua presença. Há, claro, por que a garota louca e inútil seria digna da atenção de qualquer um dos grandes e maravilhosos gênios infalíveis da SNAKE? Uma garota maltrapilha, quase como uma mendiga, coberta dos pés a cabeça com roupas velhas e largas. Nada comparado às grandes mentes criminosas da SNAKE.
A loira completou aquele pensamento com um sorriso sarcástico que deixou sua expressão um tanto quanto assustadora. Suas pupilas, como sempre em lugares barulhentos, estavam imensamente dilatas. Talvez ela sentisse vontade de apertar os ouvidos e não ouvir todas aquelas vozes, mas segurar suas pernas para longe do caminho dos outros parecia muito mais importante no momento. Como se em uma cadeira de balanço, Ariadne ia para frente e para trás, para frente e para trás...
As vozes ecoavam em seu ouvido, se misturando a várias memórias antigas. Memórias alheias, e inclusive algumas da própria menina. Mas Ariadne raramente prestava atenção em suas próprias lembranças. Na verdade, falando a mais pura verdade, ela costuma evitar qualquer vestígio de seu passado. Inclusive o estranho garoto moreno e sua irmã, inclusive Paris, inclusive Jessica. Ela respirou fundo uma última vez antes de parar, completamente imóvel, encolhida naquele canto do refeitório.
O que havia acontecido com ela? Ariadne se pegou em um de seus poucos momentos de sanidade, fazendo aquela pergunta tão frequente no seu dia a dia. Quando ela ficara daquele jeito, naquele nível? Fora rebaixada para tão pouca coisa? A menina fechou os olhos - somente por um mísero instante - e viu uma pequena parte da memória de uma conhecida lhe chegar a mente. Tinha sido a algum tempo, e provavelmente a loira se lembrava muito mais daquele dia do que a própria dona da memória – mas por que ela se importaria com aquilo?
Um leve vestígio de sorriso surgiu no canto da boca da menina enquanto ela se levantava, o mais perto da parede possível. Apoiava-se naquilo como se não tivesse certeza de que era feito de verdade, como se pudesse cair a qualquer momento. Uma garota lançou-lhe um olhar de desprezo – com um pequeno misto de curiosidade. Porém, o pequeno sorriso de Ariadne não lhe deixou pelo caminho inteiro até o seu destino.
Era um sorriso de escárnio, um sorriso quebrado, de uma mente horrível e danificada. Um sorriso de insanidade pura, como se ela visse sangue e implorasse por mais. Mas era o mais sincero que ela possuía.

ǂ What is time for a crazy mind? ǂ

– Me deixem ir. Eu preciso disso.- As palavras saíram da boca da garota como uma ameaça, mas sua expressão era desesperada.
– Senhorita Frozeart, creio que já tivemos essa discussão antes. Sua memória deve estar lhe falhando. Quer que eu te lembre? - Perguntou o homem, a voz dura e os dentes cerrados.
Ariadne tremeu, involuntariamente. Aquele não era nenhum dos quatro líderes da SNAKE, mas, como uma espécie de “secretário”, tinha o arquivo dela. Tinha ela na palma de sua mão, por assim dizer. Sabia tudo sobre aquela a loira. Sobre sua “situação delicada”, sobre suas fraquezas, sobre seu poder. Sobre grande parte de sua história.
E, francamente, Ariadne agradeceu que ele não soubesse de tudo.
A garota deu um passo para trás, como se para ter certeza de que ele não faria nada. O que ela menos queria naquele instante era absorver as memórias do homem. Ela sabia que ele poderia fazer aquilo, e então apagar tudo que ele não queria que ela soubesse de sua mente, junto com algumas informações que ele considerava inútil. Junto com as informações que a mantinham viva por tanto tempo.
– Eu disse. – Ela murmurou, sem desviar os olhos do rosto do homem. Porém, era possível ver que suas palavras não eram direcionadas a ele. – Eu disse que ele não me deixaria ir. Ele acha que não consegue controlar minha personalidade. Acha que eu vou me voltar contra eles se me libertarem.
A voz da menina era dura. Severa, fria, e com um toque estranho de racionalidade – algo quase sábio. O homem franziu o cenho. Já estava acostumado com as loucuras da menina. Os personagens inventados, as únicas pessoas com quem ela falava sem ser por obrigação ou para torturar – ou dizer algo logo antes de matá-las, com um sorriso no rosto. Porém, as palavras da garota o atingiram. A primeira facada no orgulho do homem já havia sido feita.
– Eu sei, eu sei. – Disse a loira, calmamente, virando-se para o lado. Agora, falava com a brisa fria que circulava pelo cômodo por causa do ar condicionado sempre ligado. – Devo considerar como um elogio. Eles acham que não seriam capazes de me impedir se eu fizesse algo errado, ou de consertar meu erro, mas mesmo assim... – O outro já a encarava indignado. Era quase possível ouvir seu orgulho, como um balão furado perdendo todo o ar.
O homem podia tê-la observado falar com aquele ser inexistente o dia inteiro, porém fez um gesto com a mão para que ela parasse, e se levantou bruscamente da cadeira. Ariadne virou-se para ele, e deu outro passo para trás. Qualquer movimento daquele homem carrancudo era considerado uma ameaça. Se ela chegasse perto o suficiente dela para tirar-lhe as luvas, ou tocar-lhe qualquer lugar, como o pescoço...
Não que qualquer daquelas hipóteses sequer passassem pela cabeça de Ariadne naquele momento. Ela só pensava em coisas como “Fique longe de mim” e “Deixe-me ir.” . Um pouco mais apressadamente e com menos importância, porém insistente em sua pequena cabeça confusa, uma voz sussurra, repetidamente: “Deu certo. Eu disse que daria certo. Deu certo.”
– Quero que saiba, senhorita Frozeart, que podemos controlar e ‘tomar conta’ de quem quer que seja que trabalhe aqui. Mesmo uma louca feito você, que não tem nem mais consciência do que é e do que não é real. – A menina fez menção de falar, mas o homem começou a dar a volta na mesa, o que a fez ficar estática. – Eu vou mandar-lhe para uma missão curta, e não muito longe. E, se algo der errado, eu lhe asseguro que essa será a sua última vez em uma missão. Dentro ou fora da SNAKE.
As últimas palavras foram ditas em um tom ameaçador e convicto. O homem já estava na frente de Ariadne, que acenou com a cabeça. Conforme ela o fazia, um sorriso de escárnio se formava em seus lábios. Era quase possível pensar que, quando ela sorrisse com os dentes, se veria sangue neles. A menina pôs a mão na cintura, e encarou o homem, esperando novas instruções.
Ela não se sentia mal pela ameaça. Na verdade, aquilo nem lhe era importante. Se falhasse, ela provavelmente se mataria. Porém, ela continuava ouvindo o homem repetir que ela iria em uma missão. E era aquilo que lhe importava naquele momento. Ela estaria longe da prisão, mesmo que por pouco tempo. E poderia matar alguma coisa que não fossem pequenos robôs da sala de treinamento.

ǂ The clock doesn’t matter, ’cause she’s going madǂ

Ariadne pouco se importava se ainda estivesse em Nova York. Porque, naquele exato momento, olhando para o grande hotel a sua frente, ela estava livre. Por uma hora, duas no máximo, mas estava. Podia sentir o vento em seus cabelos, e as estrelas brilhando no céu, iluminando mais que a própria lua. Já passava da meia noite, mas o que é o tempo para uma mente insana?
A menina saboreou a vista o máximo que pode, e suspirou. Ela estava com roupas decentes, mas se sentia nua, parada no meio da calçada. Por mais que pouca gente andasse a pé a essa hora da noite, qualquer esbarrão no lugar certo a daria várias lembranças indesejáveis. De calças jeans, camiseta preta justa e um casaco não largo como os de costume, porém não apertado como a camiseta, ela se sentia como uma pessoa normal. Se sentia como se estivesse fantasiada. Ela era uma mentira.
Cerrou os dentes, sabendo que a estavam observando. Certo. A missão era realmente simples, afinal. Mas haviam escolhido justo um hotel, um lugar com tantas pessoas... Ela sabia que a maldade havia sido de propósito, e sentia vontade de socar cada um daqueles homens na grande cara robusta e ossuda deles, mas do que serviria? Todos os que a “escoltavam” eram, no mínimo, do dobro de seu tamanho.
Então, sem nenhuma outra escolhe, Ariadne caminhou lentamente até a porta do hotel.
Entrar não foi difícil. Ninguém vigiava a porta externa, ou pelo menos quem vigiava achou que ela era uma das hóspedes do local. Porém, no momento em que adentrou o lugar, vazio a não ser por uma mulher sonolenta apoiada no balcão, sentiu que aquilo era quase uma armadilha. Como sair sem ser notada? Como assassinar o homem sem chamar atenção?
Com um suspiro, ela olhou onde estavam as câmeras. Uma pessoa inteligente, ou ao menos sã, teria tomado cuidado para não ser identificado. Porém, Ariadne somente sorriu para cada um dos dispositivos. O que lhe importava se a identificassem? Não seria a primeira vez que ela apareceria, sem nome mencionado, sem sequer uma foto, e um pequeno artigo mixuruca de um jornal que mal vendem. Já podia até imaginar o título.
Se sentindo extremamente sortuda por não ter sido notada pela mulher, Ariande continuou caminhando. Apertando o passo, um sorriso sanguinário ia surgindo em seu rosto enquanto ela achava a grande porta contra incêndio com o escrito “somente para funcionários”, e subia, de dois em dois degraus. Um lance. Dois lances. Três lances. E então, o quarto lance. O quarto andar. O seu destino.
Abriu a porta cinza mal pintada, e virou a esquerda. Um carpete vermelho, com decorações em prateado, cobria todo o chão. Ela não olhou para o teto nem procurou pistas. Somente andou, olhando para a porta de cada um dos quartos. Começando pelo 400, a lista era imensa. Seu alvo era o 437, e não estava muito longe. Como a porta dos fundos ficava na frente do 450, ela estava relativamente perto, a somente 13 quartos de distância.
Caminhando devagar, ela olhava somente para frente. Contava em sua cabeça, conforme via cada porta ao longe, e se aproximando, conforme seus passos ficavam ligeiramente mais rápidos. Olhos focados, como os de um gavião em um busca de uma presa, com o rosto inexpressivo. Durante seu trajeto, parou uma vez para encarar uma janela que possuía uma linda vista para a lua, e percebeu que ali, estranhamente, não havia nenhum quarto. Porém, continuando caminhando. Com passos firmes. Porta por porta... Até que, de súbito, parou.
Virou-se devagar para a porta. Simples, branca, com uma maçaneta pintada de dourado. A garota encarou os números, prateados, postos na porta com todo o cuidado. Em alto relevo. Ela passou a mão por eles, sentindo-os, deixando marca de seus dedos por toda sua extensão. Ariadne não se preocupava em apagar suas pistas. Sabia que ninguém investigaria um caso daquela proporção. Assassinatos aconteciam todo dia.
Com os olhos arregalados, seus lábios estavam trêmulos, inclinando-se levemente para cima. Quase imperceptivelmente. Levou a mão a maçaneta, e tentou girá-la. Trancada. Passou a língua pelos dentes, e encarou o pequeno local onde devia ser posto o cartão – o cartão que rapidamente abriria a porta quando posto ali. Franziu o cenho. Como faria aquilo, então?
O subconsciente de Ariadne trabalhava, mas ela recusava a ouvi-lo. Ele a avisava cada coisa que deveria fazer, mas a loira, francamente, não ligava mais para os próprios pensamentos. Virou-se, e correu na direção contrária, os seus olhos varrendo o corredor, procurando algo. Quando encontrou, parou tão rapidamente que quase caiu no chão, o que teria sido um grande inoportuno.
Mas a garota conseguiu se segurar na pequena borda da janela. Embora fosse mais ou menos da altura de seu pescoço, ela não demorou a conseguir fazer força o suficiente para se jogar no parapeito, e segurar-se desesperadamente na cortina, aberta, somente para decoração. Ficou de pé na madeira, e olhou para os lados. Ela via as varandas dos quartos, a vista que cada hóspede possuía.
Ela estava a mais ou menos 5 janelas de seu alvo. Não sabia exatamente como sua mente havia se recordado daquilo, mas ela se recordava. Então, olhou para baixo. Um fino pedaço de madeira corria por toda a extensão do prédio. Era parte de uma decoração maior mais para baixo, provavelmente, mas serviria como meio de transporte. A menina pulou desajeitadamente para lá.
Não era muito longe do parapeito, então conseguiu se segurar na janela de cima sem que seus braços se quebrassem por causa do impacto, e então soltou, a madeira já a poucos centímetros dos pés. Virou-se de frente para a parede, pondo as mãos firmemente nesta, como se pudesse segurar-se nela caso algo acontecesse – o que, com certeza, ela nunca conseguiria.
Sempre com os olhos virados para cima, Ariadne começou a andar para o lado. Sentia como se fosse cair, mas estava acostumada com aquela sensação. Suspirou, contando as janelas que apareciam acima dela enquanto ela andava pela madeira. Ao chegar na quarta, já sentia como se fosse desmoronar ali mesmo, sem ninguém para pegá-la se ela caísse no chão.
Um abismo. Era um caminho sem saída. Ela podia usar a pouca força que ainda lhe restava para subir na janela do outro apartamento, mas de que aquilo lhe valeria? Com os olhos levemente fechados, ela continuou. Recolheu a força de vontade, e continuou. Ela quase não entendia o que estava acontecendo quando seus braços se engancharam na janela-alvo.
Como se ergueria? Bom, era uma questão preocupante para qualquer ser humano comum e com a mente funcionando de um jeito regular, porém Ariadne mal parou para pensar naquilo. Seus pés escorregaram da madeira, e ela tentou se erguer somente com os braços – esforço demais para uma garota feita somente de osso, com pouco preparo físico.
Então firmou suas mãos na janela, e mexeu seu corpo, contorcendo-o, subindo até o andar certo. Parecia um grande peixe estrebuchando, mas cada vez mais as partes de seu corpo iam chegando na janela. E, mesmo que praticamente caindo na calçada, separada de sua vítima por um grande vidro, ela havia chegado em seu alvo. Ela estava a alguns passos de mostrar para aquele secretário que não inapta. Ou ao menos de ver um pouco de sangue.
Toda a sanidade e o raciocínio do resto da missão sumiram quando ela pensou naquilo. Ela estava há poucos passos de matar alguém novamente, tão perto... E tão longe. Fixou os olhos no vidro, desejando poder explodi-lo somente com o olhar, estilhaçá-lo completamente. E então, esquecendo-se completamente que suas mãos estavam nuas e desprotegidas, ela lançou um forte soco em direção ao vidro.
O barulho foi brutal, e a mão da loira ficou coberta por vários cortes, e sangue. Mas ela não pareceu se importar. Na verdade, ela não se importou com absolutamente nada. Com os gritos de surpresa das outras pessoas, com o barulho alarmante do homem acordando do lado de dentro do quarto, ou ao menos ao ouvir o choro de um bebê de o grito histérico de uma mulher, vindo daquele cômodo onde ela havia entrado naquele instante.
Enquanto pisava no vidro, que rapidamente se estilhaçava sobre seus pés – e inclusive alguns entraram seu sapato – ela pode perceber que eles estavam sem reação demais para fazer qualquer coisa. A não ser, é claro, tenta tirar o bebê desesperado de seu pequeno berço de viagem. Ariadne se abaixou, e pegou um pedaço de vidro estranhamente grande. Segurou-o em sua mão, e um pouco de sangue escorreu. Mas ela não se importou. Ela nunca se importara.
Um sorriso horrível havia voltado aos seus lábios, e ela encarou o homem. Com cabelos pretos, ele era relativamente jovem. Com 30 anos, talvez, e parecia recém casado e aproveitando a lua de mel. Ela não fazia a menor ideia do que ele havia feito para SNAKE, mas só o fato de poder r em uma missão, de poder cometer um assassinato novamente... Ela faria tudo sem questionar uma palavra de ninguém. Ela ignorou o resto da família do seu alvo, e caminhou somente até ele.
A mulher gritava, e se encolhia com o bebê no canto, e o homem tentava fugir – mas a loira o havia encurralado. Queria aproveitar cada segundo do assassinato, mas já ouvia o barulho dos corredores. Por mais que ela fosse louca, Ariadne nunca negara seus instintos. E a quantidade de barulho e movimentação nunca seriam favoráveis a ela. A menina deu mais alguns passos em direção ao homem.
Sem levar muito tempo, ela enfiou o pedaço de vidro em seu coração. O homem e a mulher gritaram. Ariadne abriu um sorriso ainda maior, e girou o caco, fazendo o homem soltar um som surpreso e dolorido. Ele mal teve tempo de encarar sua assassina antes de ser levado pela morte. A loira soltou arrancou o vidro do homem, e viu ele escorregar e cair sentado, somente por estar apoiado na parede.
Olhou para a mulher ameaçadoramente, sem sorrir. Ela cerrou os dentes, e pôs a mão que não segurava a arma improvisada no ferimento do homem. O sorriso voltou, mas dessa vez, era um sorriso aliviado. Enfiou o dedo médio e o indicador, juntos, dentro do ferimento do homem, fazendo o trajeto do vidro. Não atravessava o corpo, mas Ariadne podia sentir o começo do coração do cadáver. Já não batia mais.
Ouvindo o barulho começar a ficar cada vez mais alto, ela pegou o caco de vidro, e junto com sua mão, ‘cavou’ o ferimento devagar, até alcançar o órgão do homem. Havia um ferimento não muito profundo nele, mas estava em um estado relativamente bom – para um coração que não mais batia. Deu um doce beijo em sua ‘prova’, manchando seus lábios com sangue.
Enquanto Ariadne andava até a janela, pode ver que a mulher ruiva sussurrava algo no telefone. Com a raiva em seus olhos, a menina deixou o coração em cima do lençol desarrumado, abaixou-se e deu um tapa no rosto da noiva do falecido. A bochecha rosada dela ficou manchada de sangue, e seu celular foi arremessado para longe. Quando ela voltou-se para a loira novamente, esta estava passando a língua nos lábios manchados do sangue.
– Eu lhe pouparei, pois não suporto matar crianças, e sei que o bebê terá um destino horrível se você morrer. Mas nunca mais chame a policia no meio da cena de crime.
Com aquele aviso, segurou as duas bochechas da mulher, apertando-as, de forma com que a boca da ruiva se abrisse. E então, rapidamente, com esta mesma mão, soltou o rosto e puxou a língua da mulher para fora. Tentava não interferir nos braços que aninhavam o bebê, que chorava alto. Não mais alto do que o barulho que ainda ecoava do lado de fora, provavelmente por estarem procurando de onde havia vindo aquele barulho. A polícia devia ter chegado há pouco tempo.
Segurando a língua da mulher com força, Ariadne pegou sua “arma”, e cortou fora o órgão da mulher. Soltou-o, deixando jogado lá, e pegou de novo seu prêmio, o órgão vital do assassinado. A mulher tentou emitir sons com a garganta, mas eram tão horríveis quanto o sangue que saía da boca da ruiva quando ela a movimentava. A loira, apesar de tudo, sorriu. Olhou para a mais velha como se ela tivesse a feito um imenso favor em não lhe matar, e sim a mutilar.
Então, já ouvindo a balbúrdia se acalmando aos poucos e os passos dos policiais aumentando, ela correu para a janela, e fez como antes. Escorregou devagar para a fina madeira, e logo seus dedos finos não estavam mais a vista do apartamento. Enquanto se sentava, e olhava para baixo, ela podia ouvir os policiais chegando e descobrindo seu feito – porém, seu sorriso não sumia. Ela encarou a vista.
A lua minguante no céu estava escondida por um grande prédio luminoso, e as estrelas deixavam o céu azul escuro quase tão brilhantes como as criações do homem. O barulho da ambulância e da polícia fazia de tudo aquilo um dia bonito e divertido. Ela repousou o coração no colo, para que pudesse o entregar gentilmente a alguém importante da SNAKE, e olhou para baixo.
Era só mais um dia normal na vida de uma psicopata. E um grande dia na vida de Ariadne.

ǂ Watch the dawn, girl, and relaxǂ

Ariadne adentrava seu pequeno “dormitório”, e acomodava devagar o pequeno pedaço de carne humana em sua caixa acolchoada quando se pegou lembrando-se novamente de cada detalhe daquela noite. Desde ser deixada na frente do hotel até quando matara o homem e mutilara sua mulher. Os detalhes preciosos a fizeram sorrir involuntariamente, enquanto escrevia o pequeno bilhete e o amarrava na caixa.
Depois de descer de um jeito desajeitado pela construção do hotel, tentando se segurar em tudo que aparecia, ela havia caminhado em direção ao ponto de encontro que havia combinado com os outros – e, é claro, recebido uma bronca. Mas nada conseguiu estragar seu dia. Ela não havia falhado na missão. Havia causado um alvoroço e deixado marcas em todas as partes, é claro, mas havia matado o alvo.
Afinal, qual era a diferença? Nenhum policial sabia que ela trabalhava na SNAKE, e ninguém mais também. Kath sabia, mas Ariadne havia se certificado que não contaria há mais ou menos um mês. Havia sido um episódio grande, mas havia dado certo. E Jess... Jess nunca contaria. Ela era uma pessoa boa, ao contrário de Ariadne.
A loira se lembrou de que já tinham suas digitais e seus dados –incompletos e levemente errados – no banco de dados da policia, e que a reconheceriam olhando as câmeras e o sangue no rosto da moça e pelos cacos de vidro. Mas era isso que deixava tudo ainda mais engraçado. Fazer tudo assim, tão facilmente detectável, e sumindo na cara dos policiais. E eles nunca a pegariam. Eles nunca a achariam.
E, naquela hora, com o sol nascendo do lado de fora de seu quarto, ela teve certeza de que tudo ficaria bem. Enquanto caminhava pelo corredor amplo da SNAKE, já livre do sangue, porém com roupas levemente mais “arrumadas” do que as habituais, ela sentiu que havia feito tudo dar certo. Ela se sentiu aliviada, e estranhamente feliz. Aquele vestígio, aquele resto de humanidade que sobrava... Era essa felicidade e prazer pelas coisas horríveis que ela tinha. Então, se ela faria o que planejava fazer, por que não de bom humor?
Ela limpou a garganta, e encarou a porta, como se houvesse um segurança ali, embora não houvesse ninguém. Ariadne ficou mais ereta, tentando crescer um ou dois centímetros, e parecer respeitável. Segurou a caixa há alguns centímetros dela. Parecia um pequeno baú, sem fechadura, porém ornamentado. Não havia nada demais nele – era só um item roubado de uma loja de velharias.
Encarou o bilhete pela última vez. Do lado de fora, havia escrito “Para Andrew John Sullan” e, quando aberta, havia: “De sua amiga Ariadne.” E, nas costas, em letra cursiva, cuidadosamente escrito, com sangue, agora já seco “A vida é muito frágil, não é mesmo?”. Ariadne sorriu, vendo seu trabalho.
Ela ouviu os passos do segurança que costuma entregar correspondências, e andou devagar até ele, com a cabeça abaixada. A loira usava um capuz, e só vestígios de seu cabelo podiam ser vistos. O homem mal a conhecia, então, daquele jeito, nunca poderia dizer quem foi que mandou o pequeno baú. Ela disfarçou a voz, forçando uma rouquidão, e sussurrou, logo antes de se virar e desaparecer pelo corredor:
– Mande isso para a SKULL, para Andrew Sullan.





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tagged Assassinatos, psicopata, Sullan, SKULL, SNAKE, Missão.
wearing Várias, vai ler o post u-u.
word count três mil e tantas palavras, de acordo com o word.
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